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Foo Fighters no NOS ALIVE na maxima força

14 de Julho de 2017
Foo Fighters no NOS ALIVE na maxima força
Reportagem de Lia Pereira da Blitz



O relógio já marcaria uns 15 minutos depois das duas da manhã quando Dave Grohl e o público português, que não se viam há seis anos, se envolveram numa divertida troca de galhardetes. Na ressaca da excitação com “Best of You”, talvez a canção mais celebrada da noite, os fãs dos norte-americanos empenharam-se em partilhar os cânticos que lhes vieram à cabeça, e às gargantas: no Passeio Marítimo de Algés, ouviram-se os clássicos habitualmente conhecidos como “E salta, e salta, olé, olé”, “Campeões, campeões, nós somos campeões” e até mesmo o hino nacional. Dos dois primeiros cânticos, Dave Grohl e comparsas conseguiram fazer, improvisando nos seus instrumentos, “hit songs”. “Estas podiam ser singles”, brinca o incansável vocalista, guitarrista e berrador profissional (“Enquanto vocês tiverem voz, eu tenho voz. Sabem que eu posso ficar a gritar toda a noite?”, avisou, já na reta final do espetáculo, quando a repórter já mal sentia os pés).

O momento de interação e brincadeira surgiu “ensanduichado” entre as duas últimas músicas de um alinhamento em modo best of; ao longo de duas horas e meia, o sexteto de Grohl, Nate Mendel, Pat Smear, Taylor Hawkins, Chris Shiflett e Rami Jaffee alinhou uma quantidade imensa de canções sobejamente conhecidas e até de temas que desconhecíamos conhecer. O arranque, pouco depois da meia-noite, fez-se com o trio de ataque «All My Life», «Times Like These» e «Learn to Fly», desde logo estabelecendo a toada de celebração e extroversão que marcaria a noite.

Os cânticos com que a plateia, algo adormecida durante parte do concerto, presenteou o grupo já perto do final, são habitualmente escutados em jogos de futebol, e essa linguagem adequa-se aos Foo Fighters, porventura a derradeira banda de estádio do século XXI. Em entrevista, Dave Grohl já explicou que ninguém se sinta «excluído» das suas canções, pelo que o âmbito das mesmas é habitualmente lato. Este princípio de «máximo denominador comum» permite que muitas pessoas, potencialmente muito diferentes, entoem emocionadas os refrões de «My Hero» ou «The Pretender» (outras das campeãs da noite), possivelmente por razões pessoais e intransmissíveis.

Mas, além das canções populares e pegadiças que habitam o catálogo dos Foo Fighters, e da força da «máquina trituradora» que é este sexteto em palco, o grande tesouro da banda é, sem surpresa, Dave Grohl. Aos 48 anos, o homem que há dois anos partiu a perna, num concerto na Suécia, e continuou a tocar («Não recomendo, mas eu sou maluco», confessou-nos) é um dínamo de energia, força e otimismo. Ao vê-lo comunicar com facilidade com o público, tão convincente nos sorrisos rasgados como nos esgares falsamente ameaçadores, percebemos: o nosso anfitrião não vai mostrar piedade para com quem preferia ficar quieto no seu canto. Se pertencesse ao nosso grupo de conhecidos, ao invés de ao Olimpo do rock, Dave Grohl seria aquele amigo que nos obriga a sair de casa – nem que seja arrastado -, para esquecer amarguras e, passe o clichê, viver a vida.

Habitualmente simples, as letras dos Foo Fighters apontam com frequência para esse tipo de lema: «what if I never surrender?», ameaçam, em «The Pretender»; «I never wanna die», proclama-se em«Walk». Juntos desde meados dos anos 90, os homens de «Walking After You» (um dos poucos hits deixados de fora do alinhamento) continuam a viver o sonho rock ‘n’ roll e querem levar os fãs consigo. Mais uma vez, nem que seja «à força», despertando a plateia de qualquer apatia.

Na frente do palco, Dave Grohl causa-nos uma certa inveja. Desde os 12 anos, altura em que viu um filme-concerto dos AC/DC e se apaixonou pela «causa» rock para toda a vida, a sua trajetória tem sido a de fazer corresponder um talento a uma vocação (Clarice Lispector explica bem a diferença). Envergando a guitarra elétrica como uma enxada, ou falando como um pregador («Do you like rock and roll?!», insiste repetidas vezes), nunca dá menos do que tudo. Na passagem por «Blitzrkieg Pop», dos Ramones, parte uma corda da sua guitarra azul, substituída no imediato por uma exatamente igual; durante a mesma sequência do espetáculo, que incluiu ainda um excerto de «Another One Bites the Dust», dos Queen (para mostrar os méritos do baixista, claro está), conseguiu um enorme e sentido aplauso para Taylor Hawkins – de baterista para baterista, lembrámo-nos, pensando nos dias em que Grohl era «apenas» o baterista de uma banda chamada Nirvana.

Os verdes anos dos Foo Fighters foram, também, homenageados, com a pop mais geek e menos musculada de «This Is a Call», do primeiro álbum da banda, de 1995, ou de «Monkey Wrench», incluída no seu sucessor, lançado dois anos depois.

Além das canções entoadas em uníssono por quase todos, o concerto teve outros trunfos, como a participação da deusa Alison Mosshart, que atuara antes, com os Kills, neste mesmo palco, e que segundo Grohl canta “numas quantas canções do disco novo”. Com data prevista para setembro, o sucessor de Sonic Highways contará, assim, com a faixa «Run» (uma bela peça de rock gritado & esgaçado, hoje muito bem recebida pelo público) e com «La Dee Da», a canção partilhada de forma acalorada com Alison Mosshart. Neste dueto quase boca a boca, foi evidente a química entre os dois yankees, que a vêm cantado juntos sempre que o cartaz dos festivais o permite. Longos cabelo de ambos pelo ar, alguns gritos, muita eletricidade: e como um inédito (à semelhança de «Run», também semi-gritado) se transforma num dos momentos mais destacados de um concerto.





Para chegar a Portugal, Dave Grohl e amigos tiveram de enfrentar uma tempestade - «com granizo e tudo», contou-nos – que atrasou em «horas e horas» a partida do avião de Madrid, onde haviam atuado na véspera, para Lisboa. Com a entrega e a generosidade que a banda mostrou em palco – próxima, não no que toca ao tipo de música, mas à duração do espetáculo, de instituições do rock como Bruce Springsteen ou Dave Matthews Band – os Foo Fighters terão voltado a conseguir um dos seus grandes objetivos: que ninguém fique excluído dos seus refrões para massas.

A última vez que Portugal os vira foi em 2011, também no Alive. A próxima, se Dave Grohl mantiver a sua promessa, não poderá demorar tanto. Serão certamente recebidos de braços abertos e gargantas ao alto, como os autênticos heróis do rock que são.
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